segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

COP-15 Aquecimento Global como High Politics



Nas correntes teóricas tradicionais e dominantes no campo das Relações Internacionais temas sub-estatais ou transnacionais só interessavam quando eram ligados diretamente a um tema de segurança. A tradicional diferença entre "política alta" (temas militares relacionados ao poder material do Estado) e "política baixa" (todo o resto. Essa situação começou a mudar na década de 1970 com a ascensão de novos atores e novas agendas na política internacional. Por ex. A crise do petróleo em 1973 e 1979, a OPEP e seu poder em estrangular grandes potências com o domínio de um recurso natural e o meio ambiente surgindo como uma preocupação real.

Os temas debatidos na 15ª Conferência das Partes em Copenhague (COP-15) são definitivamente High Politics, pois a manipulação humana do meio ambiente comprovada por centenas de artigos científicos (viram o verdade inconveniente certo?) tem causado movimentações popúlacionais pelo aumento dos níveis dos oceanos em alguns locais, avanço da desertificação, inundações, mais tufões, sem falar na escassez de recursos hídricos que representa um dos mais sérios temas de segurança internacional da atualidade. O Oriente Médio já vive conflitos político-militares envolvendo esse tema. Turquia, Jordânia, Síria, Israel, Iraque e Arábia Saudita certamente consideram a segurança ambiental como uma potencial ameaça a sua existência enquanto nações.



Os desafios e impasses na COP-15 de Copenhagen envolvem temas como a divisão de recursos que cada país deve arcar para um novo "fundo para reduzir o aquecimento global". Outros temas importantes são os percentuais de redução. UE, EUA, China e os demais países emergentes propuseram números diferentes. De 17% dos EUA até 30% da UE. O problema é que alguns são percentuais relativos a 1990, como o Protocolo de Quito, antecessor da COP-15 que vai expirar em 2012. O ideal da COP-15 é reduzir as emissões de CO² em um determinado percentual em relação aos níveis de 2005. Ainda que se reduzam em 40% as emissões, alguns cientistas argumentam que a temperatura da terra vai aumentar em uma média de 3 ou 4 graus C e que os oceanos se elevarão em alguns centímetros (2 a 4). Reduzir, portanto, 20% de emissões de CO² relativos a 1990 significa reduzir, de fato, muito menos em relação aos níveis atuais. O fato é que esses fenômenos já ocorrem, a Ilha de Tuvalu no Pacífico deve deixar de existir por conta do aquecimento global.



A China tem um papel importante na COP-15 pois baseia seu crescimento econômico vertiginoso em queima de carvão basicamente, um dos maiores geradores de emissões de CO². Isso remonta a velha discussão entre crescimento econômico e proteção do meio ambiente. Mas a COP-15 desponta como a grande superação dessa crença equivocada de que proteger o meio ambiente limita o crescimento econômico de uma nação. O desenvolvimento sustentável é muito mais aceito hoje como visão adequada e adaptada a uma realidade de escassez de recursos e aquecimento global. Países com idéias inovadoras nessas áreas como o Brasil em seu programa de biodísel e o etanol tem a oportunidade de ganhar uma vantagem estratégica nesse novo modelo de desenvolvimento.
O grande problema, contudo, é que esse tam é eminentemente transfronteiriço, não há solução sem um acordo global amplo com metas definidas de redução, mecanismos de monitoramento eficientes e regras de punição. Eis a dificuldade de cooperação internacional.