sexta-feira, 1 de abril de 2011

Ofensiva contra Kadafi


O noticiário internacional nesta semana privilegiou as ações militares na Líbia em detrimento da visita de Obama ao Brasil. O próprio Obama teve que lidar com a situação e autorizou durante sua estada no país e autorizou os primeiros ataques aéreos contra as forças leais ao Coronel Kadafi.

A resolução Nº 1973 do Conselho de Segurança da ONU autorizou os países membros a usarem “todos os meios necessários” para garantir a segurança da população civil líbia, leia-se os rebeldes contrários ao regime ditatorial do Cel. Kadafi. Os meios citados na resolução estão ligados a uma “zona de exclusão aérea” determinada na mesma resolução. A justificativa central foi humanitária. Evitar um massacre por parte das tropas lideradas por Kadafi.


Quando o Conselho de Segurança autoriza uma intervenção militar, costuma usar o termo “todos os meios necessários”. Ou seja, são medidas dentro do Cap. VII da Carta da ONU que expõem as alternativas militares para solucionar crises ou contendas de natureza grave. Essas medidas só são tomadas quando as soluções anteriores dentro do Cap. VI não surtiram efeito, isto em, as medidas não militares como o embargo econômico, a interrupção das relações diplomáticas e o congelamento dos ativos financeiros no exterior dos envolvidos.




Todas as medidas não-militares foram tomadas e Kadafi ignorou solenemente a todas. Na verdade, as forças leais ao ditador estavam prestes a retomar o controle das principais cidades do país ainda sob controle rebelde. A resolução, contudo, mostra algumas divergências internacionais. A Liga Árabe, por exemplo, abandonou Kadafi a própria sorte e apoiou a zona de exclusão aérea. No entendo, a Liga criticou os ataques aéreos à Líbia, pois reivindicava apenas a interrupção dos vôos da força aérea líbia.


Outro ponto nebuloso é sobre o comando da operação militar. A resolução exorta os membros a agirem nacionalmente ou através de organizações regionais. A frança atacou no mesmo dia em que a resolução saiu e, logo depois, os EUA assumiram a responsabilidade pelas operações. Agora, já apontam para ceder o comando para a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), uma organização regional, mas também sob domínio dos norte-americanos. A tentativa é a de conceder mais legitimidade a intervenção militar. China, Rússia e Brasil abstiveram-se na votação da resolução. O que indica uma estratégia de neutralidade. Em outras palavras, deixar o fardo de ter a imagem deteriorada entre os árabes todo sobre os EUA, França e Reino Unido.

Kadafi não tem condições de deter a coalizão ocidental, mas pode usar a estratégia dos fracos na forma de guerrilhas urbanas e milícias. O maior problema para a coalizão ocidental seria ter que invadir o país por terra e se envolver em conflitos tribais no interior do país. Em um momento de baixo desempenho econômico nos EUA e na Europa e com duas guerras em andamento, Iraque e Afeganistão, é improvável que os norte-americanos e europeus desejem essa hipótese.

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